segunda-feira, agosto 09, 2004
Vernissage
"A interpretação da arte depende dos olhos de quem vê"
Sexta-feira,às 18 e 30 no espaço do Banco do Brasil,assim dizia o convite.Era a vernissage das obras Hélcio Vianna,célebre artista plástico da cidade.Meio cubista-surreal,não se sabia o certo.Se niguém furasse,iam ser certos 350 convidados.Alguns figurões,vereadores.Anunciava-se a toda hora a chegada do governador.Rondavam alguns boatos sobre um certo tipinho,um médico famoso,especialista em doenças tropicais e apaixonado por Da Vinci,em todas as suas áreas de atuação.
Serviam canapés e muito vinho.Vinho branco,vinho tinto,vinho até de duas cores.Os aristocrátas começavam a ficar altos com o sangue um tanto quanto etílico.Um início de tumulto foi acalmado por algum dos seguranças.Veio então,delicadamente,a cerimonialista pedir ao governador,que realmente estava lá,para falar do artista.
Ele subiu no mini-palco um pouco grogue.Ajeitou o pedestal do microfone à sua altura e começou,Falou,falou,falou até que um acessor,cordialmente,lembrou ele que não era um comício e,sim,uma vernissage.Perdões e risos se misturaram num breve momento.E todos alí,intrigados com o que o doutor realista iria falar dos quadros do artista.
Todos pararam de beber quando o quadro principal foi apresentado."O Morimbundo" mostrava uma criatura doentia,mesmo que ainda fosse aos cubos,no seu leito de morte.Era uma bela hora para que o tal doutor entendido em arte falasse,se não tivesse refultado três convites.Outros se atreveram e acabaram por dizer nada.O governador já estava longe,por ordens dos acessores.Mas pouco importava o governador alí,já que o que mais se esperava era os comentários do médico.
Um pouco zonzo,o artista resolveu puxar o tal médico ao microfone.Pediu com gentileza que ele analisasse a pintura "O Morimbundo".A surpresa foi quando ele levantou-se por vontade própria e caminhou sobriamente até o mini-palco.Puxou o microfone do pedestal,olhou com bastante serenindade a tela e falou,sério:
-Analisando com precisão a pintura,posso concluir:Levando em conta a região que vivia o morimbundo,isso é febre amarela,típico caso de febre amarela.
"A interpretação da arte depende dos olhos de quem vê"
Sexta-feira,às 18 e 30 no espaço do Banco do Brasil,assim dizia o convite.Era a vernissage das obras Hélcio Vianna,célebre artista plástico da cidade.Meio cubista-surreal,não se sabia o certo.Se niguém furasse,iam ser certos 350 convidados.Alguns figurões,vereadores.Anunciava-se a toda hora a chegada do governador.Rondavam alguns boatos sobre um certo tipinho,um médico famoso,especialista em doenças tropicais e apaixonado por Da Vinci,em todas as suas áreas de atuação.
Serviam canapés e muito vinho.Vinho branco,vinho tinto,vinho até de duas cores.Os aristocrátas começavam a ficar altos com o sangue um tanto quanto etílico.Um início de tumulto foi acalmado por algum dos seguranças.Veio então,delicadamente,a cerimonialista pedir ao governador,que realmente estava lá,para falar do artista.
Ele subiu no mini-palco um pouco grogue.Ajeitou o pedestal do microfone à sua altura e começou,Falou,falou,falou até que um acessor,cordialmente,lembrou ele que não era um comício e,sim,uma vernissage.Perdões e risos se misturaram num breve momento.E todos alí,intrigados com o que o doutor realista iria falar dos quadros do artista.
Todos pararam de beber quando o quadro principal foi apresentado."O Morimbundo" mostrava uma criatura doentia,mesmo que ainda fosse aos cubos,no seu leito de morte.Era uma bela hora para que o tal doutor entendido em arte falasse,se não tivesse refultado três convites.Outros se atreveram e acabaram por dizer nada.O governador já estava longe,por ordens dos acessores.Mas pouco importava o governador alí,já que o que mais se esperava era os comentários do médico.
Um pouco zonzo,o artista resolveu puxar o tal médico ao microfone.Pediu com gentileza que ele analisasse a pintura "O Morimbundo".A surpresa foi quando ele levantou-se por vontade própria e caminhou sobriamente até o mini-palco.Puxou o microfone do pedestal,olhou com bastante serenindade a tela e falou,sério:
-Analisando com precisão a pintura,posso concluir:Levando em conta a região que vivia o morimbundo,isso é febre amarela,típico caso de febre amarela.
